O objetivo é simplificar
Grande parte das pessoas, em algum momento, já passou pela burocracia de vender um veículo para lojas ou concessionárias. Tem todo aquele trâmite de passar adiante uma procuração e seu CRV, mas o veículo ainda continuar em seu nome por um tempo. A única saída era rezar para depois não receber uma multa ou impostos inesperados.
Essa realidade, no entanto, começa a mudar agora com o Projeto do Registro Nacional de Veículos em Estoque (Renave). A proposta é simples: oferecer aos consumidores e lojistas segurança, agilidade e economia nesse processo de compra e venda de automóveis por meio de um sistema digital. Então, quando o consumidor realizar toda a transação de venda com o lojista, o veículo já não ficará mais em seu nome.
O projeto piloto começou a operar no mercado brasileiro no final de 2019, em Santa Catarina, mas se estenderá pelo Brasil todo ainda em 2020. Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a iniciativa reúne, em um sistema on-line (software) de fácil acesso e operação, um conjunto de informações e operações eletrônicas oficiais com o Governo, que habilita a loja de automóveis e a concessionária a controlar a entrada e saída de veículos desses estabelecimentos, por meio do registro em livro eletrônico, atendendo aos requisitos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
A ferramenta foi idealizada pela própria Fenauto em 2011 e tem, desde 2013, o apoio de outras entidades do setor automotivo, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Seu desenvolvimento foi fruto da parceria entre o Ministério da Infraestrutura/Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Relação ganha-ganha
O presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, diz que, além de ajudar especialmente o consumidor, o Renave auxilia – e muito – as empresas jurídicas que atuam no segmento de comercialização de veículos novos ou usados. Elas poderão utilizar o Renave para se beneficiar da segurança e sincronia com as informações do Governo, com redução da burocracia e tempo total para transferência de propriedade do veículo, além da validação automática de notas fiscais do processo de compra e venda, emissão das modernas versões digitais dos documentos CRV-e e CRLV-e, sem necessidade de reconhecimento de firma (do estabelecimento comercial).
Isso significa que, com o Renave, a Fenauto vislumbra uma série de ganhos não só para o lojista mas também para o cliente/comprador, especialmente por oferecer maior transparência, facilidade, segurança, agilidade e confiança em todas as etapas de compra e venda de veículos. “Por seu ineditismo, até o momento, o projeto foi muito bem aceito e avaliado pelos órgãos do Governo Federal e também pelo Denatran, visto que este último vem realizando, nos últimos anos, um esforço imenso no sentido de digitalizar ao máximo os procedimentos envolvendo documentação, serviços em geral, desburocratização e facilidades para que o cidadão gaste menos tempo resolvendo questões dessa área, com segurança e transparência”, completa o presidente.
Segundo ele, o próprio mercado já estava se preparando para dar este salto. “Nossos associados estão familiarizados com o Renave há muito tempo. Inclusive, o piloto dele foi testado em parceria com uma das nossas Associações Regionais (SC), o que permitiu maior interação e cooperação mais próxima com o Denatran, facilitando os ajustes finos de que os processos necessitavam”, afirma Dos Santos.
A Fenauto sempre desenvolveu grande esforço para disseminar as informações do projeto enquanto ele avançava no Denatran, deixando claras as vantagens que o serviço iria proporcionar aos lojistas de veículos multimarcas. Agora, com a expansão do Renave para mais estados, o presidente diz que as Associações Regionais já tomaram ciência do avanço do sistema e se colocaram à disposição a fim de apoiar os testes necessários para a implementação. “Quando o período de ajuste estiver terminado, pretendemos realizar uma ampla campanha de comunicação para o segmento, apoiados pelas nossas Associações Estaduais, com o intuito de potencializar a mensagem, informando sobre os benefícios e vantagens do Renave. Temos certeza de que a adesão, por parte dos profissionais de lojas multimarcas, será muito grande”, projeta.
Modernização sem volta
Além de Santa Catarina, os estados de Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás já estão em fase avançada de implantação do Renave e serão os próximos a operá-lo. Já a adesão dos demais estados deve ocorrer até o final de 2020, quando o Denatran estabelecer, junto aos Detrans, o cronograma de adesão.
No dia 2 de setembro deste ano, o Diário Oficial da União publicou a Resolução 797 com todos os detalhes sobre o Renave. “Nessa resolução estão presentes as ‘obrigações’ que serão efetivadas ao longo do tempo por adesão, inicialmente, e por estado (UF), à medida que os ajustes sistêmicos necessários sejam preparados pelos órgãos de trânsito”, mostra Ilídio dos Santos.
O presidente acredita que iniciativas como essa, que utilizam sistemas digitais para facilitar processos de um negócio, são o futuro daqui para a frente, ainda mais com a pandemia, que mudou significativamente o mercado como um todo.
A exemplo das vendas de carros, assim como as de todo o comércio, com o início da pandemia, houve uma queda assustadora. Mas, para não deixar seus associados sem apoio e orientações, a Fenauto criou um sistema de fóruns eletrônicos diários, no qual discutiram alternativas e ideias que poderiam ser postas em prática, mesmo com isolamento social vigente.
Eles perceberam então de imediato que a melhor forma de manter o cliente fiel era buscar a geração de novos negócios, e a alternativa mais útil naquele momento foi investir em ações em redes sociais e canais digitais para manter o contato com os potenciais compradores, além de buscar novos interessados na compra de um carro. “Essa orientação funcionou muito bem, pois quem investiu em ações digitais conseguiu manter o ritmo de vendas e conquistou novos clientes. Tanto é verdade que as vendas de carros usados vêm superando todas as expectativas que tínhamos.
Percebemos que o consumidor não tinha deixado de querer um carro, apenas adiou a compra por causa da pandemia. Quando as coisas começaram a voltar ao normal, ele já estava conectado com os lojistas digitalmente e concretizou a compra”, conclui.
